Título
Original: The Buried Giant
Autor:
Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2015
Sinopse: Uma
terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do
esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal
que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à
prova - será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências
da história que nos une?
Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro
em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R.
Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada
obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, O
gigante enterrado fala
de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.
"- Você ainda está aí, Axl?"
"- Ainda aqui, princesa."
Axl e Beatrice são os protagonistas deste livro que me
perturbou durante algumas semanas, por sua estória incrível e cativante sobre a
vida e como ela passa e deixa em nós marcas – algumas em visíveis cicatrizes e
outras tão profundas que decidimos esquecê-las, pois, de outro modo, não
conseguiríamos continuar vivendo. São um casal adorável: dois velhinhos que se
amam e se respeitam acima de qualquer coisa que possa existir em seu passado.
Respeitam-se e se amam incondicionalmente e que nem a aproximação da morte
mudará isso.
E essa foi a razão de me perturbar... Eu não queria chegar
no fim.
O Gigante Enterrado se trata mais do que apenas a criatura
mito. Trata-se de tudo aquilo que enterramos dentro de nós. Cada pessoa tem seu
Gigante, aquilo que deixa bem no fundo de seu inconsciente e coração. E como
tememos que essa criatura desperte e traga de volta tudo aquilo que queríamos
ter deixado para trás.
"Um casal pode dizer que está unido pelo amor, mas nós, barqueiros, vemos no lugar ressentimento, raiva e até mesmo o ódio. Ou uma grande aridez. às vezes um medo da solidão e nada mais..."
O casal parte da segurança de sua vida para uma viagem
repleta de incertezas, em busca
de um filho que vive em uma aldeia a três dias
de distância daquela em que vivem, uma vez que já é a hora de reencontrá-lo mas
não se lembram mais de seu rosto e acreditam que ele está ansioso para que seus
pais estejam do seu lado novamente.
Vivem em uma era de guerreiros e ogros, de dragões que ainda
assolam vilas e bruxas que enfeitiçam as pessoas para que seus malefícios sejam
bem sucedidos. E poucos nãos são os obstáculos que encontram, cada um deles
levando-os pouco a pouco de encontro a tudo aquilo que haviam esquecido, num
confronto com temores antigos e inseguranças passadas. Será que tudo o que
esqueceram não foi por uma boa razão? Será que, se suas lembranças retornarem,
ainda continuariam amando um ao outro mesmo com tantos anos juntos?
Aqui, as lembranças foram tomadas por um grande vilão, que
espalha seu feitiço pela Bretanha e acabam desejando colocar um fim à ele,
encontrando pelo caminho muitos desafios. Para além desse misticismo, está
claro para o leitor que é a luta da idade para manter viva suas memórias,
embora com a idade elas vão desaparecendo. Por vezes, Axl e Beatrice até mesmo
esquecem qual a razão de estarem passando por tantas dificuldades, quando tudo
o que queriam eram rever o filho há muito perdido.
"Ainda tem tanta certeza, boa senhora, de que deseja ser livre dessa névoa? Não é melhor que algumas coisas permaneçam escondidas de nossa memória?"
Sinceramente, é um livro tocante que, ao contrário do que
recomenda Neil Gaiman na capa... Eu quis me afastar o máximo possível para não
lidar com sua realidade. Embora eu nunca o tirasse da cabeça e acabei lutando
para chegar ao fim. É uma história delicada e cheia de significados ocultos que
requere mais de uma única leitura para desvendá-lo por completo.
O Gigante Enterrado é uma bela obra prima em uma jornada
épica de fadas a viúvas amaldiçoadas com a solidão e recomendo até para aqueles
profissionais especializados em geriatria ou pessoas que tenham idosos lutando
para manter suas memórias.
E no final, um relutante você se sentirá feliz por ter chego
ao fim do livro.
Resenhado (e amado) por:
não conhecia o livro, mas anotei a dica, achei o enredo diferenciado e que merece uma espiadinha
ResponderExcluirfelicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Sim, é realmente diferenciado... É um livro que foge do que hoje está sendo popular entre os leitores.
ResponderExcluirSó de ler que o universo desse livro se aproxima com o de Tolkien e o de Martin fiquei querendo ler!! Fiquei querendo ler, poque além de ser uma história de romance, ainda atem fantasia.
ResponderExcluirBjus.
Priscila!
ResponderExcluirA literatura fantástica apesar de abundante tem sempre um novo livro carregado de emoção e aventuras.
Gostei demais da premissa, de ir em busca do filho de encontrar seres fantásticos pelo caminho.
“O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.”(Mario Quintana)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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